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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Ser mãe, mulher e imigrante na Holanda: a minha experiência

O texto abaixo foi escrito, originalmente, para a edição do mês de maio/2016 do jornal Forquilinhas, de Santa Catarina.


É importante lembrar que viver num país é uma experiência completamente diferente de visitar. Morar e imergir na cultura e nos hábitos locais, exige uma dose de paciência e muita resiliência.

Neste primeiro texto, eu vou contar um pouco sobre a realidade apresentada ao imigrante, em especial a mulher-mãe, que em muitos casos aterrisa aqui nessa terra sem ter muito conhecimento da dinâmica da sociedade daqui.

Logo no início, quando eu cheguei na minha nova morada, constatei um número grande de mulheres que ficam em casa, tomando conta dos filhos e dos afazeres domésticos.
(Ainda em tempo: esse deveria ser um trabalho remunerado: uma jornada extensa e extenuante. Sem sombra de dúvida.) 

Algumas nunca trabalharão fora e outras vão trabalhar tão logo os filhos estejam criados, entrando na adolescência. 

Enquanto eu vivi no Brasil, sempre trabalhei e estive rodeada de mulheres que trabalham fora, têm filhos e cuidam da casa. Aqui eu faço o mesmo, mas em um ritmo bem mais devagar do que as mulheres que conheço no Brasil. Descobri que existe uma série de circunstâncias que devem ser levadas em consideração antes de se fazer qualquer julgamento leviano á respeito daquelas que se dedicam integralmente aos cuidados da família e do lar.

Chegando aqui, eu queria muito arrumar um emprego (de preferência na mesma área que atuei no Brasil, contabilidade) e colocar a minha vida o mais rápido possível "nos trilhos". 

Eu moro a pouco menos de 100 km de Amsterdam, em uma cidade chamada Den Helder.

Den Helder é a cidade mais ao norte do país e em abril deste ano contava com cerca de 56.000 habitantes, de acordo com informações oficiais do CBS - Escritório Central de Estatísticas holandês.

Den Helder não é Amsterdam. Aqui, você não sobrevive muito tempo falando somente inglês. Se você não falar holandês, mesmo o básico, a vida fica muito complicada. 

Ao contrário do que acontece em outras cidades grandes (Amsterdam, Utrecht ou Haia), onde há uma maior ofertas de emprego, Den Helder é uma cidade pequena, com poucas oportunidades de emprego e em quase todas elas "falar holandês" é mandatório.

Algum tempo atrás, recebi um telefonema para uma entrevista de emprego em Amsterdam, em uma firma de TI. A proposta não era das melhores em termos de salário (1800,00 euros para 40 horas semanais), mas considerando que eu queria muito reiniciar a minha vida profissional dentro da minha área de formação, eu não ponderei muito e mais que rapidamente topei fazer a entrevista.

Na entrevista eu descobri que:

1) Eu deveria arcar com as minhas passagens até o local do serviço. A empresa dava uma ajuda para as passagens no valor de 350 euros. A passagem de ida e volta do trem sai por  28 euros. Só o trem. Eu não estou contando em pegar alguma outra condução chegando na cidade.  

Em casa, conversando com o marido, descobri mais: 

2) Cerca 30% referente a impostos seriam retidos; meu salário liquido não seriam mais os 1800 euros oferecidos;

3) Deixar uma criança cinco dias na creche custa mensalmente 711,00 euros para uma familia com renda anual de 70.000 (renda do casal, considerando 13o. salário de ambos). 

Então, fazendo um cálculo a grosso modo:

Passagens: 22 dias x 28,00 = 616,00 - 350,00 = 266,00

Imposto: 30% de 1800,00 = 540,00

Meus choradinhos 1800,00 euros, viraram 994,00.

Qual o valor da mensalidade da creche mesmo? Ah, 711,00 euros.

Quanto vai chegar na minha carteira?

Isso é o que podemos chamar de "literalmente pagar para trabalhar", não é verdade?

Bem...a recrutadora deve ter se dado conta antes de mim, que uma proposta dessas não seria aceita por alguém nas minhas condições. Ao final da entrevista ela me disse que entraria em contato, mas é óbvio que isso não aconteceu.

E então? Por essa, você não esperava, certo? 

Nem eu!
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